segunda-feira, 17 de outubro de 2011

- de agora em diante


O paraíso terreno está onde eu estou.
(Voltaire)



Mais cedo ou mais tarde, todas as pessoas vão passar por fases ruins. É o emprego que não chega, o príncipe que não dá as caras, o tempo que passa rápido demais, a saúde que fraqueja. Há dias em que parece que a gente carrega o mundo nas costas. E parece que ninguém percebe.

Como humanos, nós estamos suscetíveis aos mais variados tipos de problemas e imprevistos. Constantemente. Eles estão aí, à espreita, para que nós possamos aprender lições valiosas, o que talvez não acontecesse se nossa vida fosse um mar de rosas.

Perder um ente querido pode nos mostrar a importância do momento presente. Do agora. Pode nos estimular a pedirmos desculpas, a demonstrarmos afeto, a pararmos com essa mania de Scarlett O'Hara (de "E o vento levou...") de deixarmos para nos preocupar com um problema amanhã e só amanhã. Bobagem. O amanhã não pode ser encarado como uma certeza embrulhada em papel colorido. O amanhã talvez exista. Talvez não. Quem sabe? O seu problema de hoje talvez tenha uma solução muito mais simples do que você possa imaginar. O que não te deixa dormir hoje talvez esteja relacionado com algo bom, que fará toda a diferença no seu futuro. Vale a pena deixar para resolver isso mais tarde? Mês que vem, será?

Saber que o seu organismo abriga uma doença grave pode ser um impulso para que, a partir de hoje, você se transforme em uma pessoa melhor, independente de quanto tempo ainda reste a você. Já repararam que os filmes que mais tocam as pessoas são aqueles em que as personagens caem na real e percebem o quanto estavam desperdiçando seus dias, relíquias tão preciosas? Por que todo mundo chora assistindo Marley & Eu? Salvo raras exceções - e, a bem dizer, eu não conheço nenhuma -, ninguém gosta de pensar na efemeridade da vida. Nem que seja da vida de um cachorro. Depois de sair do cinema, dá vontade de corrermos pra casa e abraçarmos nosso bichinho de estimação, só pra mostrarmos pra ele o quanto gostamos dele, o quanto ele é importante na vida da gente. Não é assim?

Ter dificuldades para se relacionar com alguém pode ser suficiente para que o cidadão abra os olhos e perceba que o problema não está nas outras quase 7 bilhões de pessoas. Nem todos os livros de autoajuda do mundo são capazes de ajudar alguém que seja incapaz de mudar. Mudar não só pelo outro, não. Mudar por si mesmo. A gente primeiro cuida do nosso jardim; as borboletas vêm depois. Conheço muita gente por aí que tem medo de mudanças. Medo do desconhecido, medo do burburinho que isto possa gerar. Se o que você enxerga na frente do espelho te deixa feliz, o que o resto do mundo tem a ver com isso? Se você consegue encostar a cabeça no travesseiro e dormir tranquilamente durante a noite, não há maldade que te atinja. Se você consegue sorrir para a garçonete e agradecer o suco sem açúcar que ela te trouxe, não há alguém que resista. Não há nada mais bonito. Gentileza nunca é demais.

O planeta agradece por cada boa ação que você fizer. É um ciclo. É involuntário. É contagiante. Você se sente bem por ajudar alguém, alguém se sente bem por ser ajudado por você. Não custa nada. Além disso, lá de cima, sempre existe alguém que te observa. Que te dá forças. Que te protege. Se as coisas parecerem difíceis, peça ajuda. Mentalize ajuda. Ofereça ajuda. E reze. Reze muito. Reze por você, pela sua família, pelo mundo.

Fica a minha sugestão:

Oração a Maria

Meiga filha do Eterno Pai, amparai aos que peregrinam os rincões inferiores da vida, para que neles aflore o desejo de Conhecimento, Certeza e Bondade, deixando de parte as idolatrias, os paganismos, os ritualismos e todas as formas inferiores de culto espiritual.


Anjo tutelar das legiões que socorrem nas trevas e nos lugares de dor, atendei ao clamor daqueles que, arrependidos, anseiam reencontrar o Caminho da Verdade que livra.

Doce Mensageira do Amor, derramai vossa ternura maternal sobre os corações aflitos, para que se elevem às alturas do trabalho redentor.


Senhora Eleita, inspirai o sentimento da Verdade, do Amor e da Virtude nos corações de todos aqueles que tendem aos desatinos do mundo, para que não desçam aos lugares de pranto e ranger dos dentes.

Levantai, ó Senhora, dos abismos tenebrosos, a todos quantos erraram por causa dos fanatismos religiosos.

Intercedei, ó meiga estrela, por aqueles que, esquecidos da Lei e olvidados de Jesus Cristo, mergulharam nos lugares de sombra e de dor.

Ó ternura, ponde sentimento de pureza em todos os corações femininos, para que se convertam em verdadeiros anjos guardiães.

Sede a luz, ó Maria, daqueles olhos que não podem ver.

Amparai, ó Senhora, aos que fraquejam ao longo dos caminhos da vida.

Ouvi, ó Símbolo das Mães, a voz dos que não podem falar.

Enxugai a lágrima, ó meiga irmã, daqueles que padecem falta de misericórdia.

Dominadora de paixões, sede o anjo guardião daqueles que temem resvalar nas vielas do pecado.

Consoladora dos aflitos, ungi com o Bálsamo do Amor aos que se encontram de coração angustiado.

Guiai os passos, ó doce amiga, dos que tendem a desanimar em face das torturas do mundo.

Depositai, ó Maria, em todos os corações, o sentimento de igualdade perante as leis que regem o Universo infinito.

Conduzi ao pórtico da Verdade, ó candura, a quem se encontrar perambulando pelos caminhos da inverdade e do crime.

Envolvei com o vosso azulino manto, ó Maria, a todos aqueles que procuram as verdades eternas, perfeitas e imutáveis de Deus, através da Divina Modelagem de Jesus Cristo.

Apontai, ó luminosa estrela, ao Testamento da Moral, do Amor, da Revelação, da Sabedoria e da Virtude, para que todos os filhos do Altíssimo encontrem, de uma vez para sempre, os braços abertos do Divino Amigo.


sábado, 24 de setembro de 2011

- we ♥ the subway

Banco de imagens do Google.


Ainda que as circunstâncias influam muito sobre o nosso caráter, a vontade pode modificar as circunstâncias em nosso favor.
(Stuart Mill)


Como boa paulistana, sou usuária do metrô. Esporadicamente, pelo menos por enquanto. Há alguns dias, fiquei zanzando para lá e para cá e praticamente cruzei todos os pontos desta linda e lotada cidade.

Entre 8h e 18h - com algumas pausas, é claro - eu estive amassada, apertada, entalada e espremida em grande parte das estações. O trem chega e há um número esmagador de pessoas na plataforma, esperando as portas se abrirem para pularem para dentro como se disso dependessem as suas vidas.

Os coitados que estão na parte de dentro prendem o fôlego, se agarram em suas bolsas, nas bolsas alheias e se fundem, tornando-se um grande e mal cheiroso organismo vivo. Apesar de que a ideia seja conseguir espaço em um lugar já superlotado, recebemos pisões nos pés e tapas discretos de quem queria, simplesmente, que você - e todo o mundo - desse o fora dali. São cotovelos apoiados, sem nenhuma cerimônia, em nossas costas, unhas com esmaltes descascados presas como garras nas nossas roupas e nos nossos braços, narizes fungando e variados e incontáveis vírus passeando livremente naquele ambiente fechado.

O trem para. O trem anda. O trem alterna entre um sacolejar brusco e um andar lento, quase cômico. Trajetos curtos se transformam em jornadas intermináveis. Em cada fim de tarde, tudo o que as pessoas querem é sumir daquelas estações e esquecer aquela voz robótica, às vezes inaudível, às vezes ensurdecedora, que manda, quase com ironia, os usuários desembarcarem na Sé pelo lado esquerdo.

Se os metrôs são a solução mais prática para que o trânsito de São Paulo dê uma trégua, tudo indica que as concessionárias vão continuar cheias e, a marginal, congestionada. O que se ganha em tempo indo do Tucuruvi à av. Paulista, com uma baldeação deliciosa na Paraíso, se perde em paciência e bom humor. Isto é fato.

Tudo bem, a natureza agradece por cada automóvel que não sai da garagem. Eu sei. Mas nós agradeceríamos tanto quanto ela se, em meio a tanto stress, não tivéssemos que lidar com insetos gigantes que cismam em sobrevoar perigosamente as nossas cabeças ou com vômitos que se espalham vagarosamente pelo chão de borracha dos trens, deixando no ar uma mensagem que diz tudo, exceto seja bem-vindo.

Não sei prever se estas novas linhas que o governo tão orgulhosamente apresenta vão colaborar em alguma coisa com esta multidão que se bate, se empurra e pragueja - mental e verbalmente - todos os dias. Entretanto, tenho certeza de uma coisa: para cada minuto que você se sentir no auge da exaustão, aparecerá um velhinho ou uma grávida querendo ocupar o seu assento.

Deem preferência.


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

- aconteceu comigo


Em meio a matérias de faculdade, encontrei este texto, escrito em novembro de 2007. Deveríamos escrever uma crônica, optando - acredito eu - por algum fato marcante que tenha acontecido em nossa vida.

Definitivamente, isto é algo que eu jamais vou esquecer; tampouco vão aqueles que presenciaram esta cena. Esta é apenas uma das muitas vergonhas que já passei nestes 21 anos de existência. Fico feliz por saber que nem todas vieram a público, como a vez em que derrubei o papel com o resumo do meu seminário de História no vaso sanitário. Mas essa já é uma outra história. . .


O episódio do carro

Ainda me lembro bem daquele dia. Estava ensolarado e insuportavelmente quente. Era quase a hora do almoço e todos os alunos da escola pública na qual eu estudava estavam do lado de fora. Suas conversas provavelmente sem nenhuma importância ecoando juntamente com suas risadas.

E assim também estava eu, enquanto andava em direção à saída, em meio a risos com os amigos mais próximos que tinha na época. Eu não podia imaginar que o que estava prestes a acontecer renderia piadas por grande parte de minha vida.

Como acontecia todos os dias, me despedi de todos eles com um estalado beijo na bochecha e murmurei um "até amanhã". Dei uma rápida olhada ao redor e identifiquei facilmente um Palio Weekend vermelho, estacionado em frente à escola. Não pensei duas vezes. Andei em direção ao veículo, abri a porta, sentei no banco destinado ao passageiro, coloquei o cinto de segurança e, juro que até aquele momento, não tinha percebido que havia alguma coisa errada.

Ao me debruçar para cumprimentar a minha mãe, percebi o que tinha passado despercebido aos meus olhos nada atentos. Levou algum tempo para eu compreender. Não era a mulher que me deu ordens a vida inteira que estava sentada ali. Em seu lugar, estava um homem que eu nunca havia visto na vida. Ele era gorducho, tinha barba e os cabelos estavam começando a rarear nas têmporas. Apesar do olhar divertido que me lançou, a sensação que tive foi que o meu rosto estava pegando fogo.

Sem nem pedir desculpas, saí do carro do desconhecido e fui até onde meus amigos estavam sentados na calçada, as mãos sobre o estômago, vermelhos e sem fôlego de tanto rirem. Um deles ainda conseguiu balbuciar, sem muita firmeza na voz, que minha mãe se encontrava do outro lado da rua. Ao me virar para ela, vi que gargalhava, juntamente com um outro conhecido nosso que estava no carro. Entrei no automóvel (certo, dessa vez) e o que ouvi foi um "sabia que você faria isso".

O pior - ou talvez o mais humilhante - foi encontrar o mesmo homem, estacionado no mesmo lugar, algumas semanas depois. Ele olhou para mim e acenou com aquela expressão no rosto de "ei, eu lembro de você".

Ainda sou obrigada a ouvir diversas versões desta história, em muitas das vezes que encontro as pessoas que partilharam comigo este dia. O que posso fazer? Já fiquei com eles o bastante para presenciar algumas de suas gafes também. Um deles já dançou Xuxa enquanto achava que ninguém estava vendo e o outro já derrubou o portão de uma casa sem querer. Essas coisas acontecem. Faz parte da vida vivenciar gafes e faz parte das gafes aparecer na vida de qualquer um.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

- do lado de cá


Há tanta vida lá fora...

Já faz muito tempo que venho querendo escrever este post, mas, sempre que eu decido levá-lo adiante, as palavras parecem me fugir e eu me assemelho às pessoas que acabaram de aprender a falar o português, sem domínio algum do idioma.

Comecei, há alguns meses, a leitura do livro Corolarium, psicografado por Diamantino Coelho Fernandes. Cheguei até este livro por intermédio da minha mãe, visto que, um dia, um dos médiums do centro espírita que nós frequentamos disse a ela que havia chegado o momento de aprender.

“Aprender o quê?” foi algo que não nos perguntamos, pois, instintivamente, já sabíamos do que se tratava a obra, a julgar pela pessoa que o havia indicado. Ditado por Maria de Nazareth, a também Nossa Senhora, o livro pede por uma leitura demorada, cuidadosa. Com ricos detalhes sobre o plano espiritual, a Mãe Santíssima narra, amorosamente, o que nos espera quando a morte se aproximar e segurar a nossa mão, nos obrigando a deixar o veículo que utilizamos durante anos para trás.

Ao contrário do que muitos acreditam, morrer significa encerrar a vida no corpo e não dizer adeus ao espírito ou à alma e passar a eternidade sob a terra. Algumas culturas celebram a morte, já que, para alguns, ela simboliza alívio e prestígio, caso tenham tido uma encarnação digna e luminosa. Para aqueles que perderam horas preciosas cultivando e reverenciando a vaidade e/ ou bens materiais, assim como prejudicando o próximo, por exemplo, a morte será difícil, pois, mais do que outra coisa, será preciso tempo. Tempo para se desligarem do corpo, tempo para compreenderem que é chegado o momento de partir, tempo para aceitarem que a vida vai muito além de fazer aniversário.

Maria de Nazareth deixa claro a solução, digamos assim, para conseguirmos atenuar os problemas que nos assolam, enquanto encarnados. Em muitos capítulos – em quase todos, na verdade –, ela ressalta a importância da prece. Rezar por si mesmo, pelos outros, através de orações conhecidas ou com um sincero agradecimento é capaz de operar milagres e transformar profundamente a vida das pessoas.

Através da prece, elevamos nossos pensamentos e entramos em sintonia com as Forças Superiores, sintonia esta que vai se fortalecendo com o passar do tempo. Com uma simples reza, adquirimos força e afastamos de nós males invisíveis, trazendo, para nós e para todos aqueles que nos cercam, um ambiente de paz.

Se pararmos para pensar e observar, a espiritualidade está, de fato, em tudo. Está nos livros psicografados que encontramos nas mãos de muitos indivíduos, está nas aulas de yoga e nos mantras entoados para entrar em estado meditativo, está presente em algumas músicas, que retratam a pureza do amor.

Corolarium foi escrito de forma tão terna e tão suave que é possível sentir a presença de Maria e praticamente ouvi-la com a alma. É uma excelente fonte de sabedoria e um alento para todos aqueles que têm curiosidade em redescobrir como é o outro lado. Um detalhe do livro que acho indispensável destacar é um conselho dado por Nossa Senhora: se você, por algum motivo, estiver em dúvida se está ou não fazendo (ou pensando em fazer) a coisa certa, pare e reflita como se Jesus estivesse ao seu lado, te acompanhando de perto. Desta maneira, fica fácil escolher qual caminho seguir.

Tenha em mente de que tudo o que você pensa, você materializa, visto que atrai para si acontecimentos e pessoas com ideias similares. Como diz um ditado que gosto muito, se você planta tempestade, você colherá raios e trovões.

Termino este post com um lema que quero levar comigo e colocar em prática o maior número de vezes possível: a vida é curta, mas a existência é eterna. Portanto, vamos fazer jus à oportunidade que nos está sendo dada, substituindo a vaidade e a ambição pela solidariedade e pelo altruísmo. Vamos trocar a intolerância pela paciência e semear paz. Só paz. Maranata.


Que todos os seres tenham paz, que todos os seres tenham saúde e que todos os seres sejam muito felizes.