sábado, 4 de fevereiro de 2012

A gente quer ser forte pra quem?



And I'm gonna miss you
Like a child misses their blanket
But I've gotta to get a move on with my life
It's time to be a big girl now
And big girls don't cry

(Fergie - Big girls don't cry)



A minha irmã, hoje, tornou-se uma mulher casada. Uma senhora de respeito, como disse a minha avó, em tom de brincadeira, durante a festa de comemoração. Foram pouco mais de dois anos de noivado e dias incansáveis, mas finitos, de preocupação com o apartamento que parecia que nunca ficaria pronto. Eram móveis entregues nas datas erradas, demora por parte dos pedreiros, sábados perdidos nas lojas de Pinheiros e do shopping D, rios e rios de dinheiro que voaram pelos ares na mesma velocidade com que o Corinthians toma gol em jogo válido pela Libertadores.

Ela e o noivo, oficialmente transformado em meu cunhado, batalharam bastante para conseguir pintar cada parede, preencher com piso cada quarto e seguir em frente, mesmo que uma série de problemas insistisse em aparecer pelo caminho. De janeiro de 2010 para cá, muita coisa mudou para melhor, especialmente no que diz respeito à vida profissional de ambos. Afinal, se é pra algo dar certo, não tem jeito, como a minha mãe costuma dizer.

Sendo o mais sincera possível, fiquei muito feliz pelo casamento, muito embora eu admita, com lágrimas nos olhos, que eu vá morrer de saudade de conversar e rir e chorar e imitar desenhos da Disney com ela antes de dormir. Não sei como vai ser não a ver mais sentada no sofá, jantando em frente a televisão, ou ouvi-la contando sobre o dia enquanto toma banho e sempre se impressionar com o fato de que, não importa o quão irritada ela esteja, alguma parte da história sempre vai ser engraçada.

São 21 anos e quase dois meses de convivência diária, de divisão de quarto, mesmo, então eu acredito que essa saudade seja saudável, necessária até. Ainda assim, o meu lado capricorniano e orgulhoso - talvez seja esta a palavra - não me permitiu sofrer na frente de ninguém, o que me faz perguntar, pela trigésima oitava vez apenas neste ano: a gente quer se mostrar forte pra quem?

Eu tenho este sério problema de esperar todos dormirem ou me trancar no banheiro para deixar a tristeza molhar meu rosto. Por quê? Boa pergunta. Será que se a gente manifestasse mais frequentemente as nossas emoções as coisas não seriam mais simples ou, ao menos, pareceriam menos importantes? Há de se concordar que chorar, sentado de frente para o vaso sanitário e sufocando os soluços com as mãos, é algo desolador, senão terrivelmente solitário. Ser consolado não é bom? Esta resposta eu tiro de letra, pois a pessoa que mais fez isto comigo foi a minha irmã. A Bibi. A Bi. A Bri. A Bika. A imitadora-oficial-de-todas-as-falas-de-todos-os-desenhos-do-mundo.

Aproveito para deixar aqui meus parabéns e pedir pra Deus cuidar de vocês bem direitinho, do mesmo jeito que Ele vem fazendo ao longo de todos esses anos. Eu te amo, Bi. Você esteve comigo nos melhores e nos piores momentos desta minha vida recheada de altos, mas de inúmeros baixos também. O fato de que, agora, você mora em um outro lugar não me faz duvidar, de forma alguma, que esta parceria ainda vai longe, tão longe que nem todas as reencarnações do mundo poderão anular. Ou mudar. Ou sequer chegar próximo disto. Mazal tov!