sábado, 24 de setembro de 2011

- we ♥ the subway

Banco de imagens do Google.


Ainda que as circunstâncias influam muito sobre o nosso caráter, a vontade pode modificar as circunstâncias em nosso favor.
(Stuart Mill)


Como boa paulistana, sou usuária do metrô. Esporadicamente, pelo menos por enquanto. Há alguns dias, fiquei zanzando para lá e para cá e praticamente cruzei todos os pontos desta linda e lotada cidade.

Entre 8h e 18h - com algumas pausas, é claro - eu estive amassada, apertada, entalada e espremida em grande parte das estações. O trem chega e há um número esmagador de pessoas na plataforma, esperando as portas se abrirem para pularem para dentro como se disso dependessem as suas vidas.

Os coitados que estão na parte de dentro prendem o fôlego, se agarram em suas bolsas, nas bolsas alheias e se fundem, tornando-se um grande e mal cheiroso organismo vivo. Apesar de que a ideia seja conseguir espaço em um lugar já superlotado, recebemos pisões nos pés e tapas discretos de quem queria, simplesmente, que você - e todo o mundo - desse o fora dali. São cotovelos apoiados, sem nenhuma cerimônia, em nossas costas, unhas com esmaltes descascados presas como garras nas nossas roupas e nos nossos braços, narizes fungando e variados e incontáveis vírus passeando livremente naquele ambiente fechado.

O trem para. O trem anda. O trem alterna entre um sacolejar brusco e um andar lento, quase cômico. Trajetos curtos se transformam em jornadas intermináveis. Em cada fim de tarde, tudo o que as pessoas querem é sumir daquelas estações e esquecer aquela voz robótica, às vezes inaudível, às vezes ensurdecedora, que manda, quase com ironia, os usuários desembarcarem na Sé pelo lado esquerdo.

Se os metrôs são a solução mais prática para que o trânsito de São Paulo dê uma trégua, tudo indica que as concessionárias vão continuar cheias e, a marginal, congestionada. O que se ganha em tempo indo do Tucuruvi à av. Paulista, com uma baldeação deliciosa na Paraíso, se perde em paciência e bom humor. Isto é fato.

Tudo bem, a natureza agradece por cada automóvel que não sai da garagem. Eu sei. Mas nós agradeceríamos tanto quanto ela se, em meio a tanto stress, não tivéssemos que lidar com insetos gigantes que cismam em sobrevoar perigosamente as nossas cabeças ou com vômitos que se espalham vagarosamente pelo chão de borracha dos trens, deixando no ar uma mensagem que diz tudo, exceto seja bem-vindo.

Não sei prever se estas novas linhas que o governo tão orgulhosamente apresenta vão colaborar em alguma coisa com esta multidão que se bate, se empurra e pragueja - mental e verbalmente - todos os dias. Entretanto, tenho certeza de uma coisa: para cada minuto que você se sentir no auge da exaustão, aparecerá um velhinho ou uma grávida querendo ocupar o seu assento.

Deem preferência.