segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

maktub


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♫ Tempo, tempo, tempo, tempo... és um dos deuses mais lindos... ♪

Apesar de o ano ainda não ter chegado ao fim, esta época é sempre propícia para qualquer tipo de reflexão. O que fiz nesses últimos 12 meses? Quantos sonhos realizei? Quantos corações parti? Quantos caminhos percorri? Quantas pessoas deixei para trás?

Não sei responder a nenhuma dessas perguntas com exatidão, mas posso dizer que trabalhei, que dancei, que sorri, que chorei, que vivi, que sofri. Vi minha irmã se casar, embarquei e desembarquei, pisei na areia e deixei o mar levar pra longe todas as preocupações. Dormi tarde, acordei cedo, tomei chuva, afundei o pé na lama e depois lavei pra deixar branquinho. 

Fui ao cinema, andei de bicicleta, fiz yoga, ganhei no bingo. Vi pessoas queridas se afastarem lentamente, perdendo-se na névoa do passado, e o destino se encarregar de colocar mais uma vez na minha vida grandes amigos, desenhando, assim, um futuro muito mais feliz. Fui ao karaokê, brinquei de amigo secreto, joguei bola, aproveitei a piscina. Passei frio, calor, nervoso e ansiedade. Tive saudade, tive medo, tive vontade e tive esperança. Li, escrevi, falei, desprendi. 

Vi o Corinthians conquistar o mundo no Japão e, do lado de cá do planeta, empatar com a Portuguesa em pleno Pacaembu. Fui anfitriã, hóspede, turista, assessora de imprensa, conselheira, ovelha negra. Perdi tempo com besteira e depois desejei poder voltar e fazer tudo de novo. Chorei de saudade na plataforma do trem e no check-in do aeroporto e aprendi que as pessoas não mudam só por estarem longe dos nossos olhos. 

Gastei dinheiro, cortei o cabelo, abusei da comida e descobri que não tenho vocação alguma para o videogame. Ri até perder o fôlego, passei raiva com o metrô, fiquei de mau e fiz as pazes com o Universo. Senti alívio, tive sonhos misteriosos e sobrevivi a um suposto fim do mundo. Descobri que para se curar de alguma coisa não é preciso mais do que energia e consciência tranquila e que afinidade é uma sensação inconfundível, intransferível e que, quando ausente, consegue deixar um coração inteiro em branco.    

Procurei fotos antigas (e outras não tão antigas assim) só pra viver de novo aquele momento e me perder nos mesmos sorrisos. Descobri que a ajuda às vezes vem de quem você menos espera e que, apesar de doloroso em alguns casos, é preciso praticar o desapego com tudo o que nos cerca: roupas, amigos, amores, sentimentos, lembranças...

Vi mais televisão do que devia, me envolvi mais do que podia e comprovei o que todos já sabiam: aprender árabe não é pra qualquer um! Reclamei do árbitro, gritei com os vizinhos (hihihi) e, vale dizer, não fui nada paciente. Descobri - ou melhor, redescobri - que as palavras têm mais força do que imaginamos e que - céus! - o pensamento vai ainda além.

Agitado, intenso, confuso e imprevisível, 2012 foi, antes de tudo, uma bênção. Chuqran!

domingo, 29 de abril de 2012

salaam aleikum

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"Meu coração e meus cinco sentidos se achavam a quatro metros de mim mesmo: na figura daquele homem de mais de um metro e oitenta de estatura que ali estava agora, encurvado e maltratado." 



Aproveito este tranquilo domingo, 29 de abril, para escrever sobre algo que verdadeiramente mexeu comigo. Terminei, há algumas semanas, a leitura do primeiro volume da coleção Operação Cavalo de Troia. O que começou como mera curiosidade - iniciada anos atrás, quando via o livro entre as coisas da minha mãe -  se mostrou uma verdadeira fonte de prazer e conhecimento.

Para aqueles que não sabem sobre o que é a história, trata-se de um suposto projeto da Nasa, executado na década de 1970, responsável por levar dois militares norte-americanos ao passado. Mais especificamente, à última semana de Jesus Cristo na Terra, na Palestina de dois mil anos atrás. 

A expedição se desenrola a partir de um diário escrito pelo major, que percorreu as ruas da Palestina à procura de Cristo, seus apóstolos e amigos, assim como dos demais personagens que figuram na Bíblia. Cético, o militar foi escolhido, dentre um numeroso grupo de oficiais dos Estados Unidos, justamente por sua falta de crença e desapego a qualquer religião. 

Ao chegar, rapidamente ganha a confiança e a amizade de Lázaro, homem a quem Jesus tinha ressuscitado poucos dias antes, e sua família. E é na presença destas pessoas que o major se encontra com o Mestre pela primeira vez. Mesmo rodeado por muitas pessoas, Cristo se levanta e caminha até sua direção, colocando Suas mãos em seus ombros e dizendo "Sê bem-vindo" com um sorriso. Após este primeiro contato, o militar confessa ter sentido todo o seu corpo trêmulo, indicando a enorme força energética que  emanava daquele Homem.

Com o passar dos dias, o oficial se mantém lado a lado com o Rabi da Galileia, ouvindo Seus ensinamentos e desvendando alguns mistérios de sua fascinante personalidade. Cada vez mais atraído por tudo o que Ele diz, o major vai deixando sua descrença para trás, abrindo espaço para uma fé jamais imaginada. Sua mente, antes dominada pela ciência, passa a concordar com cada palavra dita pelo Mestre e seu coração indica um desejo ardente de acompanhá-Lo a qualquer lugar.

Munido com a mais alta tecnologia, o que lhe permite gravar, analisar e recolher dados do passado para, depois, examiná-los em "seu tempo", o norte-americano tem como um dos objetivos de sua missão a triste tarefa de ficar próximo ao Cristo também no momento de sua captura, julgamento e crucificação, verificando - até perto demais - todo o Seu sofrimento. 

Exercitando toda a parcialidade da qual tenho direito, considero este livro como um dos mais tristes do mundo. É impossível não se deixar abater pelas torturas e pela injustiça que o Rabi sofreu. Mais difícil ainda é imaginar uma legião de pessoas torcendo pela morte de alguém cujo pecado foi pregar o bem e a paz. 

É claro que o livro é muito mais complexo e emocionante do que este simples resumo que escrevi. Também tenho perfeita noção da possibilidade de que nada disso tenha acontecido, sendo fruto apenas da rica imaginação de um escritor espanhol. Ainda assim, sinto-me na obrigação de partilhar com vocês o meu desejo de acreditar nesta incrível experiência. Por quê? Porque acreditando em sua veracidade, é como se eu também estivesse perto Dele. É como se eu também estivesse presente em todas as suas pregações e, a partir disto, pudesse usar seus conceitos e parábolas em meu próprio benefício.

Desde que li a última página do livro, me pego pensando Nele e em todas as Suas grandes ações. Será que, hoje, as pessoas saberiam compreendê-Lo? Como seria abraçá-Lo ou ouvi-Lo falar? Todas as noites, antes de cair no sono, peço a Deus que me deixe sonhar com Ele. Só um pouquinho. Só pra matar a saudade.

"E pelas três horas e trinta minutos, depois de beijar o solo rochoso da cripta, deixei o horto de José de Arimateia. Os soldados da Fortaleza Antônia ali continuavam, desmaiados, como testemunhas mudas da mais formidável notícia: a ressurreição do Filho do Homem.

Pelas cinco horas e quarenta e dois minutos daquele domingo de glória, 9 de abril do ano 30 de nossa era, o módulo decolou ao nascer do Sol. Ao voltarmos para o futuro, uma parte do meu coração ficou para sempre naquele tempo e naquele Homem, a quem chamam  Jesus de Nazaré. "

sábado, 4 de fevereiro de 2012

A gente quer ser forte pra quem?



And I'm gonna miss you
Like a child misses their blanket
But I've gotta to get a move on with my life
It's time to be a big girl now
And big girls don't cry

(Fergie - Big girls don't cry)



A minha irmã, hoje, tornou-se uma mulher casada. Uma senhora de respeito, como disse a minha avó, em tom de brincadeira, durante a festa de comemoração. Foram pouco mais de dois anos de noivado e dias incansáveis, mas finitos, de preocupação com o apartamento que parecia que nunca ficaria pronto. Eram móveis entregues nas datas erradas, demora por parte dos pedreiros, sábados perdidos nas lojas de Pinheiros e do shopping D, rios e rios de dinheiro que voaram pelos ares na mesma velocidade com que o Corinthians toma gol em jogo válido pela Libertadores.

Ela e o noivo, oficialmente transformado em meu cunhado, batalharam bastante para conseguir pintar cada parede, preencher com piso cada quarto e seguir em frente, mesmo que uma série de problemas insistisse em aparecer pelo caminho. De janeiro de 2010 para cá, muita coisa mudou para melhor, especialmente no que diz respeito à vida profissional de ambos. Afinal, se é pra algo dar certo, não tem jeito, como a minha mãe costuma dizer.

Sendo o mais sincera possível, fiquei muito feliz pelo casamento, muito embora eu admita, com lágrimas nos olhos, que eu vá morrer de saudade de conversar e rir e chorar e imitar desenhos da Disney com ela antes de dormir. Não sei como vai ser não a ver mais sentada no sofá, jantando em frente a televisão, ou ouvi-la contando sobre o dia enquanto toma banho e sempre se impressionar com o fato de que, não importa o quão irritada ela esteja, alguma parte da história sempre vai ser engraçada.

São 21 anos e quase dois meses de convivência diária, de divisão de quarto, mesmo, então eu acredito que essa saudade seja saudável, necessária até. Ainda assim, o meu lado capricorniano e orgulhoso - talvez seja esta a palavra - não me permitiu sofrer na frente de ninguém, o que me faz perguntar, pela trigésima oitava vez apenas neste ano: a gente quer se mostrar forte pra quem?

Eu tenho este sério problema de esperar todos dormirem ou me trancar no banheiro para deixar a tristeza molhar meu rosto. Por quê? Boa pergunta. Será que se a gente manifestasse mais frequentemente as nossas emoções as coisas não seriam mais simples ou, ao menos, pareceriam menos importantes? Há de se concordar que chorar, sentado de frente para o vaso sanitário e sufocando os soluços com as mãos, é algo desolador, senão terrivelmente solitário. Ser consolado não é bom? Esta resposta eu tiro de letra, pois a pessoa que mais fez isto comigo foi a minha irmã. A Bibi. A Bi. A Bri. A Bika. A imitadora-oficial-de-todas-as-falas-de-todos-os-desenhos-do-mundo.

Aproveito para deixar aqui meus parabéns e pedir pra Deus cuidar de vocês bem direitinho, do mesmo jeito que Ele vem fazendo ao longo de todos esses anos. Eu te amo, Bi. Você esteve comigo nos melhores e nos piores momentos desta minha vida recheada de altos, mas de inúmeros baixos também. O fato de que, agora, você mora em um outro lugar não me faz duvidar, de forma alguma, que esta parceria ainda vai longe, tão longe que nem todas as reencarnações do mundo poderão anular. Ou mudar. Ou sequer chegar próximo disto. Mazal tov!