quarta-feira, 9 de junho de 2010

O indianismo de José de Alencar



-- E quem te dará força para lutar contra um poder tão grande?...
-- Quem?... Tu, senhora, tu só, respondeu o índio fitando nela o seu olhar brilhante.


Muita gente que eu conheço torce o nariz quando eu falo que um dos meus livros favoritos é o bem brasileiro O Guarani, de José de Alencar. A linguagem é, sim, difícil, mas o tema é o mais universal de todos: o amor.

Talvez o escritor tenha feito uso de um português mais arcaico por perceber que trata-se de algo complexo demais para palavras muito simples - desconsiderando, é claro, o fato de que a obra foi escrita em 1857.

-- Vós me suplicais?... Me pedis que conserve esta vida que recusastes!... Não é ela vossa? Aceitai-a; e já não tereis que suplicar!

Era 1604, época em que Portugal ainda dependia politicamente da Espanha. Não havia momento pior para um índio se apaixonar pela filha de um fidalgo português. As coisas pioraram quando o já frequente confronto entre as raças se intensificou com a morte de uma índia aimoré pelas mãos de um próprio membro da nobreza portuguesa. Embora tenha sido acidental, ficou claro para os nativos o caminho a seguir dali pra frente: guerra.

Dispostos a obter vingança, a tribo se volta contra Cecília, o bem mais precioso de D. Antônio de Mariz, pai do suposto assassino. O que não esperavam era encontrar um adversário à altura: Peri, totalmente devoto à bela e doce Ceci, usava de sua força e inteligência aimoré unicamente para satisfazer aos mínimos desejos da moça. Vendo-a ameaçada, não mediu esforços em protegê-la, assim como a toda a sua família, que reconheceu tal idolatria e o recebeu de portas abertas.

Diversos contratempos aparecem na história, que entre uma ação e outra desenrola toda a pureza e sofreguidão que só dois corações enamorados podem sentir, aludindo ao amor do índio pela moça branca e, também, ao sentimento (quase) não correspondido de Isabel, irmã de Cecília, por Álvaro, capataz de D. Antônio. Além de ser um clássico da literatura, é uma dica e tanto para aqueles que buscam, nos livros, uma maneira de sonhar com outros tempos.

(...) Enquanto Isabel, pálida de emoção e felicidade, duvidava ainda da voz que ressoava no seu ouvido, o moço tinha saído da sala.

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